“Dê a todas as pessoas os seus ouvidos, mas a poucas a sua voz” (William Shakespeare)
Uma constante no mundo atual: a pessoa a quem você fala parece distante e, ao mesmo tempo, verifica mensagens e notícias no celular ou no computador. Parece familiar, como você se sente nessa situação?
Provavelmente, frustrado pela falta de atenção e de respeito – todos apreciamos ser ouvidos; mas, ao mesmo tempo quantas vezes reproduzimos esse comportamento com aqueles que querem nos transmitir algo?
Vivemos em um mundo onde ninguém gosta de ouvir. Na maioria das vezes, enquanto escutamos o outro, ao mesmo tempo, pensamos, julgamos e elaboramos comentários ou respostas sobre o que está sendo dito; esta é a chamada escuta automática; sobre essa questão o escritor e prêmio Nobel de literatura Orhan Pamuk escreveu:
“Os cães falam, sim, mas apenas para aqueles que sabem ouvir.” – para refletir….
Os autores Ronald Adler e Neil Towne, no livro “Comunicação Interpessoal” afirmam que 70% de nosso tempo é dedicado á comunicação, dos quais 45% ouvindo, 30% falando, 16% lendo e 9% escrevendo.
Dispendemos 45% de nosso tempo dedicado à comunicação ouvindo e existem 3 níveis de escuta, a saber:
1. Escuta Automática:
Envolve apenas o conteúdo (enquanto escuta, pensa e julga como se sente sobre o que está sendo dito);
2. Escuta Estruturada:
Engloba o contexto, a estrutura e os processos (não permitindo que a mente desencadeie automaticamente as próprias ideias);
3. Escuta Global:
Contempla mais do que palavras (acompanha por exemplo distinções de tonalidade, humor, ritmo, energia e emoção – palavras dentro das palavras)
A grande maioria entre nós prática, na maioria das vezes, a escuta automática o que dificulta sobremaneira a compreensão daquilo que foi dito ao passo que o desenvolvimento do hábito de praticar a escuta estruturada e a global demonstra o interesse genuíno no outro e no que ele quer comunicar além de, potencializar e alavancar nosso poder de compreender fatos e ideias pois como disse Peter Drucker:
“O mais importante na comunicação é ouvir o que não foi dito”.
Em seu livro “A arte de Escutar”, a autora Carla Faour define de forma brilhante o que é a habilidade e a sabedoria de saber ouvir:
“Escutar é mais do que ouvir; é mais do que estar parado em frente a alguém dividindo o mesmo metro quadrado. Escuta-se por todas as células do corpo; escuta-se com as mãos, com os olhos, com a respiração, escuta-se inclusive com os ouvidos…a postura escuta, a boca escuta. Há que se deixar apagar e se concentrar no outro para vivenciar a plenitude da experiência auditiva; há, também que se eliminar quaisquer ruídos desde interferência como pensamentos que voam, telefones que tocam, vaidades que afloram. Muitos dizem que a fala distingue o ser humano dos outros animais; discordo: saber escutar é o que nos dá humanidade”.
Aqueles que desenvolveram a habilidade de saber ouvir – uma das mais importantes “soft skills” – apresentam de fato um diferencial enorme em relação aos outros, seja na vida pessoal ou profissional.
Porque, através de um processo de escuta verdadeiro, com interesse no outro e totalmente livre de julgamentos aprendem com mais facilidade, fortalecem conexões e, finalmente, são mais assertivos e autoconfiantes. As lideranças não são mais aquelas que tem todas as soluções; pelo contrário, são aquelas que ouvem atentamente antes de julgar e convivem harmonicamente com os que pensam diferente.
O processo de escuta global é o ponto de partida para uma das mais poderosas ferramentas de coaching e mentoria: fazer as melhores perguntas para, de fato, obter as melhores respostas.
Gostou do artigo? Quer saber mais sobre a diferença entre ouvir e escutar, e os níveis de escuta Automática, Estruturada e Global? Então entre em contato comigo. Terei o maior prazer em responder.
Walter Serer
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